Na volta do Projeto Chutientrevista, temos a honra de receber: Antônio César de Oliveira Brito. Um pesquisador emérito da obra Disney e que faz parte do Esquiloscans. O seu amor pelos quadrinhos e pleno conhecimento dêles, até inspirou Paulo Ricardo A. Montenegro a criar os especiais: "Mestres do Brito" (Disponível para download no "Chutinosaco") - trazendo a história e os trabalhos inesquecíveis de grandes autores.
1) César Brito, considero você uma das maiores autoridades em quadrinhos Disney. Nos conte como entrou para o Grupo Esquiloscans, que já está completando 10 anos?
R: No início da década de 1980 eu tive quase tôda minha coleção Disney (Que era bem grande) roubada durante uma mudança do Mato Grosso para São Paulo. Fiquei tão chateado que guardei o que sobrou e por muito tempo não olhei mais para uma revista Disney. Então no início do século XXI, com o advento do Orkut descobri que existiam muitas pessoas com o mesmo gosto que eu e que colecionavam essas revistas. Até aí eu achava que era o único maluco desse tipo no Brasil...eheheheh! Foi quando conheci o Edilson Souza, fundador do Esquiloscans e que me aceitou entre os membros desse grupo.
2) Você é um colecionador? Desde que época, e quais são seus gibis preferidos?
R: Bem, acho que já respondi uma parte dessa pergunta acima. Comecei minha coleção Disney de 5 para 6 anos de idade, lá por 1958. Na década de 1970, descobri as revistas do "Tintin" e outras européias que também colecionei. Depois que tive minha coleção roubada, conforme já contei, abandonei as revistas Disney por uns 20 anos e colecionei várias Graphics Novels que eram a moda da época, tais como:
"Bat-Man", "X-Men" e outras. Depois, com o tempo e os contatos na Internet, consegui recomprar quase todas aquelas revistas que me tinham sido roubadas. Hoje minha coleção Disney está de nôvo quase completa. Bem, quero dizer, aquilo que eu acho valioso, ou seja, o que foi publicado entre os anos 1950 e 1970.
"Bat-Man", "X-Men" e outras. Depois, com o tempo e os contatos na Internet, consegui recomprar quase todas aquelas revistas que me tinham sido roubadas. Hoje minha coleção Disney está de nôvo quase completa. Bem, quero dizer, aquilo que eu acho valioso, ou seja, o que foi publicado entre os anos 1950 e 1970.
3) No site do Esquiloscans - na seção: "Curiosidades Disney, do Brito" - existe um espaço onde você mostra informações detalhadas dos gibis Disney-Abril: enumere qual ou quais as mais pitorescas que você já pesquisou?
R: São tantas...e eu gosto de todas! Mas, poderia citar 5:
“...E Barks acreditou!” (Que trata de uma pseudo descoberta científica dos anos 1960). Assunto abordado em "A Rainha das Sereias" TP 26.
“O Pó de Pirlimpimpim” (O que nos remete para a obra de Monteiro Lobato). Citações na história: "A Bruxa sem Vassoura" PD 411.
“Quando o Mickey subiu a capota” (A ÚNICA vez que o Mickey fechou a capota do seu conversível). Publicada no Mickey 54, na história de Paul Murry: "O Ùltimo Refúgio".
“Pelé, Cachorro ou Rivelino Negro” (Que aborda a questão de direitos autorais dos famosos) - "Zé Carioca contra o Goleiro Gastão": - História original com "Pelé", publicada no ZC 479.
“Assinatura de Jorge Kato” (Quando achei a única vez em que esse Mestre assinou o seu nome em uma história em quadrinhos - num anúncio das pilhas Eveready).
4) Quais são seus Mestres Disney preferidos?
R: Carl Barks, Paul Murry, Jorge Kato, Tony Strobl, Jack Bradbury e… muitos outros...eheheheh!!!
5) O que pensa do trabalho magistral de Don Rosa, que conseguiu preencher várias lacunas do passado do Tio Patinhas ?
R: No início não gostava muito do trabalho de Don Rosa (Muito mais pelo seu estilo de desenhar do que pelos roteiros), mas depois fui prestando mais atenção e hoje posso dizer que “Uma Carta de Casa” - por exemplo, é uma das melhores histórias que já li. Ela inclusive está lá, na lista das minhas preferidas para o seu: “Disney Memória 12 ”.
6) Hoje a Itália é o centro de produções em gibis Disney. Como você analisa a visão daqueles artistas, que em seus roteiros, modificaram a personalidade de vários personagens - inclusive "acrescentando parentes", por exemplo.
R: Tenho minhas restrições. Acho que dá para ser criativo sem deturpar aquilo que já existe. Tomo como exemplo o Casty, que escreve e desenha histórias maravilhosas sem alterar os personagens. Também gosto da solução que o Marco Rota encontrou: êle criou um personagem que é um antepassado do Donald. Isso eu acho válido porque é uma coisa bem possível. Agora, inventar um "irmão" para o Tio Patinhas é intragável. Veja como o Rosa, que você citou acima, apresentou parentes do Patinhas que tem lógica e fazem sentido. Não é sair inventando, só por inventar.
7) Como você vê o compartilhamento gratuito que é feito hoje pelos "Blogueiros BR/PT" - principalmente graças à dedicação do Grupo Esquiloscans, em nos proporcionar tantos gibis clássicos e compilações especiais?
R: Acho esse compartilhamento fundamental para que as novas gerações possam ter acesso aos antigos clássicos Disney. Quanto a ser gratuito, nada mais lógico, visto que não somos os donos dos direitos autorais dessas histórias.
8) Utilizando a sua memória prodigiosa, através da pergunta de um visitante do blog, tempos atrás: - "Existe uma história onde o Prof. Pardal mostra como conseguiu seu chapéu pensador? Por acaso, essa seria a mesma aventura onde ele cria um motor diferente para o Tio Patinhas - e o combustível era...à base de lixo?"
R: Na verdade não existe uma história que mostre quando o Pardal inventou o Chapéu Pensador pela primeira vez. O que há, é a história “Duelo de Pensamentos” (Tony Strobl) onde o Chapéu Pensador já existe, e é roubado pelos Metralhas. Vai daí que o Pardal precisa fazer outro igual e então a gente fica sabendo que para isso ele precisa dos pássaros “Hum-Huns” - só existentes no distante Planetóide Alfa. Esses pássaros é que são o segredo do funcionamento do chapéu.
Quanto à outra história mencionada, não tem nenhuma ligação com esta.
9) O "Chutinosaco" além da disponibilização dos gibis Disney clássicos, realiza compilações temáticas de histórias que mostram os grandes autores e os seus discípulos atuais.
Os Especiais Esquiloscans também são colecionáveis, provando que os visitantes gostam muito disso. Pergunto: você não acha que a Editora Abril poderia fazer uma coleção tipo: "O Melhor da Disney", com Murry, Strobl, Gottfredson, Taliaferro, Bradbury, etc. Seria vendável?
R: SIM! Sem dúvida, a Editora Abril poderia fazer coleções desse tipo. Se seriam vendáveis? Vou contar uma história para vocês:
Aqui em minha cidade eu organizo, no Clube onde sou Conselheiro, um evento chamado “Sextas Musicais” que - como o próprio nome diz - são apresentações musicais que acontecem todas as noites de sextas-feiras.
Muita gente já me pediu para contratar atrações para os jovens, porém eu cheguei à conclusão que jovem não tem dinheiro e por isso atrações para eles, dão prejuízo. Jovem ganha (Quando ganha) mesada do pai e só. Mas se eu contratar atrações para os “coroas”, aí sim.
A grana corre solta! Os “coroas” consomem muito, bebem muito, comem muito. Porque têm dinheiro. Atração para o público “coroa” é sempre um sucesso e dá lucro.
Acho que o mesmo se aplica para essas coleções, se forem feitas para serem vendidas em bancas de jornal, aí talvez o preço não seja compatível e elas fiquem encalhadas, porque a molecada não irá comprar. Mas se forem feitas, mais caras, e destinadas ao público “coroa” (No qual me incluo, eheheheh) aí poderão ser vendidas contínuamente em livrarias, por exemplo. É mais ou menos o que ocorre com os álbuns do Tintin, que você pode comprar a qualquer hora nas livrarias. Eles estão sempre lá e estão sempre vendendo. “O Melhor da Disney” deveria ser publicado contínuamente e oferecido em livrarias. Venderia o tempo tôdo.
10) Agora agradecendo sua participação na "Chutientrevista", peço que deixe uma mensagem aos nossos amigos e visitantes.
R: Antes de mais nada quero agradecer a você, Luiz Dias, pela oportunidade que me proporcionou de apresentar minhas opiniões sobre quadrinhos para os leitores do seu blog. Gostaria também de dizer que aprendi a ler nos quadrinhos, bem antes de ir para a escola. Isso também ocorreu com outras pessoas de minha geração. E foi assim que formamos o hábito salutar da leitura. Desejo que através de sua dedicação, êste blog também ajude a formar o hábito da leitura nas novas gerações.
Grande abraço a todos!
ANTONIO CÉSAR DE OLIVEIRA BRITO
Grupo Esquiloscans
Duas coisas: 1. Custo a acreditar que Gedeão McPatinhas, irmão criado por Romano Scarpa, não existiria se Carl Barks, criador do Tio Patinhas, não tivesse autorizado Scarpa, amigo pessoal de Barks, a fazê-lo. 2. O Don Rosa cometeu vários erros com personagens em sua saga, desrespeitando muito do que já tinha sido criado. Ele, basicamente, só considerou o que foi criado por Barks. Tome como exemplo a idade da Vovó Donalda, que possui mais de 100 anos na cronologia do Rosa, ou a total falta de consideração com as hqs que o Tony Strobl desenvolveu com o Professor Ludovico, que, por sinal, continua solteiro e aparentado do Donald pelo lado do pai.
ResponderExcluirSaudações,
Fábio
Correção: Duas coisas: 1. Custo a acreditar que Gedeão McPatinhas, irmão criado por Romano Scarpa, existiria se Carl Barks, criador do Tio Patinhas, não tivesse autorizado Scarpa, amigo pessoal de Barks, a fazê-lo. 2. O Don Rosa cometeu vários erros com personagens em sua saga, desrespeitando muito do que já tinha sido criado. Ele, basicamente, só considerou o que foi criado por Barks. Tome como exemplo a idade da Vovó Donalda, que possui mais de 100 anos na cronologia do Rosa, ou a total falta de consideração com as hqs que o Tony Strobl desenvolveu com o Professor Ludovico, que, por sinal, continua solteiro e aparentado do Donald pelo lado do pai.
ResponderExcluirSaudações,
Fábio
Muito boa a entrevista com o Brito! Abraço.
ResponderExcluirSOBRE A PERGUNTA 10: EU CHEGO A SONHAR COM UM 'O Melhor da Disney 2' com Paul Murry e um 'O Melhor da Disney 3" com Tony Strobl. É claro que serie vendável. Já que o Brito é o primeiro da fila, aceito ser o segundo para comprar.
ResponderExcluir(João e Néia)
Oops. Eu quis dizer: "1. Custo a acreditar que Gedeão McPatinhas, irmão criado por Romano Scarpa, existiria se Carl Barks, criador do Tio Patinhas, não tivesse autorizado Scarpa, amigo pessoal de Barks, a fazê-lo." Outra coisa: apesar do Zeca Pato ter sido colocado como primeiro primo do Donald em sua árvore, ele continua a ser primo distante do Donald, conforme estabelecido por Barks. Não aponto estes erros do Rosa com intuito de afetar a imagem dele, até porque sou apenas um fã da Família Pato, apenas fico estarrecido de ver como que os (graves) erros por ele cometido são facilmente esquecidos pelos seus fãs...
ResponderExcluirÓtima entrevista, apesar de ter algumas palavras que obedecem a ortografia pré-1971...
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