R: Salve
Luiz! Parabéns por essa ótima ideia das entrevistas permitindo que
conheçamos melhor nossos colegas blogueiros de HQs. Estou adorando
acompanhar a série e é uma honra que tenha chegado minha vêz. No
entanto, nada de “Jorge Storace” ou “Dr.” como na pergunta
abaixo - isso fica para o outro blog que tenho (Dedicado à
intersecção entre ciência, medicina e homeopatia); aqui eu sou o
“Jetstor” que é minha "persona gibizeira e gamer"!
1)
Dr. Jorge, como e quando criou seu blog "Jetstortopia" e
porquê a idéia de fazer um blog diferenciado que fala de cultura
em geral como: quadrinhos, games, música, etc?
R: Êste
meu blog, um nanico e o caçula dentre os gigantes que você tem
entrevistado, tem como subtítulo “Distopia Pop” - exatamente
porquê eu queria poder falar de tudo que me interessasse e "me desse
na têlha" relativo aos meus hobbies e paixões não relacionados à
profissão, sem ordem ou hierarquia. O foco maior acaba sendo mesmo
quadrinhos, seguido por games, mas até filminho da minha gata e o
casamento da minha filha foram parar lá. Porém, sempre com um olhar
filtrado pela cultura pop: no primeiro caso a trilha sonora de um
dos vídeos veio de um game indie que adoro; já a imagem que
ilustra o tópico do casamento veio de outro game que marcou nossa
vivência, na infância da minha filha. O blog vai completar três
anos em outubro e no final das contas esse "mix" meio maluco que é a
tônica dele, resulta mesmo bem distópico porém divertido, pelo
menos para mim!
2)Que "receita" você daria
para o desinterêsse e descaso de certo autor brasileiro de
quadrinhos (Sr. M) com seus fãs (Que até constroem sites e blogs
para homenageá-lo) e de repente, são taxados de "usurpadores"
e "ladrões"?
R: Bem,
esta é uma questão delicada e minha opinião talvez seja um pouco
dissonante aqui. O material que escaneamos e compartilhamos, em sua
quase totalidade, está coberto pela antiga lei de Copyright que não
distingue a origem e o propósito de uma cópia não autorizada,
classificando qualquer uma delas como criminosa. Se fôsse
disponibilizado segundo uma licença do tipo "Creative Commons" ou algo
assim, tiraria por completo nosso trabalho da zona cinzenta da
pirataria - o qual de fato não é, já que se constitui numa atividade
sem lucro e em prol da divulgação das próprias criações. Porém, não é esse o caso e o autor tem tôdo o direito legal de não
desejar que sua obra seja reproduzida por alguém que não seja êle e
seus associados - decisão que acredito devemos respeitar caso se
manifeste ou se sinta prejudicado. Não sei bem onde aprendi uma
regra que costumo seguir no blog: não disponibilizo material recente
com menos de 5 anos e procuro retirar qualquer material antigo que
volte a ser publicado - a pedido ou não do autor, porquê não desejo
correr o risco de prejudicar o criador e sua rede de artistas,
funcionários, etc. O Maurício então, é bem o nosso "Walt Disney ou
Osamu Tezuka" e, por mais que possa discordar da sua postura,
respeito-o profundamente.
Dito isso, é óbvio que ele defende uma posição envelhecida e retrógrada, tendo perdido uma grande oportunidade de estreitar os laços com sua base de fãs mais ardorosos, exatamente os colecionadores e "gibizeiros" como nós. Há um tempo, li um ótimo post no "Action & Comics" que dizia, resumidamente pelo que me lembro - que os scans influenciam diretamente apenas uma pequena parcela do público, pois os que gostam de comprar o fazem com ou sem a presença dos scans e os que não compram, idem! Restaria uma parcela intermediária que deixaria de comprar por causa do scan e outra que compraria exatamente por gostar do que leu no scan - e que a influência dessa última fração superaria benéficamente em muito a anterior. Não temos uma pesquisa de mercado que elucide isso, mas nunca as HQs estiveram tão fortes nas últimas décadas como agora - no Brasil e no mundo, e uma parcela disso se deve exatamente ao crescimento da internet e da troca de informação e material que ela propicia, a meu ver. Na medida em que os criadores passarem a entender isso, saberão que nós e nossos scans não são uma ameaça e sim um de seus maiores aliados.
Dito isso, é óbvio que ele defende uma posição envelhecida e retrógrada, tendo perdido uma grande oportunidade de estreitar os laços com sua base de fãs mais ardorosos, exatamente os colecionadores e "gibizeiros" como nós. Há um tempo, li um ótimo post no "Action & Comics" que dizia, resumidamente pelo que me lembro - que os scans influenciam diretamente apenas uma pequena parcela do público, pois os que gostam de comprar o fazem com ou sem a presença dos scans e os que não compram, idem! Restaria uma parcela intermediária que deixaria de comprar por causa do scan e outra que compraria exatamente por gostar do que leu no scan - e que a influência dessa última fração superaria benéficamente em muito a anterior. Não temos uma pesquisa de mercado que elucide isso, mas nunca as HQs estiveram tão fortes nas últimas décadas como agora - no Brasil e no mundo, e uma parcela disso se deve exatamente ao crescimento da internet e da troca de informação e material que ela propicia, a meu ver. Na medida em que os criadores passarem a entender isso, saberão que nós e nossos scans não são uma ameaça e sim um de seus maiores aliados.
3)Na
Marvel, temos o "Homem de Ferro" como "amigo em comum" - qual
seu personagem preferido no universo Disney e no DC? Lembra qual foi
a primeira postagem ou comentário feito no "Jetstortopia"?
R: Bom,
essa é fácil! No Universo Disney o meu personagem favorito é o "Mickey" - investigador e corajoso desenhado pelo Paul Murry - seguido
pelo "Tio Patinhas" divertido e aventureiro imortalizado pelo Carl
Barks. Gosto muito também de ambos no traço dos italianos mais da
velha guarda como: Romano Scarpa, Giorgio Cavazzanno e o Mestre Gatto.
Já na DC sou fã do "Superman" pré-Crise por Cary Bates, Elliot
Maggin, Denny O’Neil e desenhado por Curt Swan, Murphy Anderson e
Jose Luiz Garcia-Lopez - pois foi a fase que melhor acompanhei na
infância ainda pela Ebal! Gosto muito também do "Flash" clássico de
Gardner Fox e Carmine Infantino e mais ainda do "Flash" dos anos de 1990 de Mark
Waid e Mike Wieringo. Menções honrosas dos anos de 1970: "Legião dos Super
Heróis" desenhada pelo gigante Dave Cockrum e depois por Mike Grell - "A Mulher Maravilha" na sua fase Diana e a "Supergirl" da mesma época,
respectivamente nos traços de Mike Sekowski - Dick Giordano e Artie
Saaf - que desenhavam mulheres como ninguém e "O Espectro" de Michael
Fleisher e Jim Aparo. Ufa! Nem me pergunte da Marvel!
A
primeira postagem no blog foi exatamente sobre o Maurício de Sousa e
os álbuns da "Série 50+" - uma grande iniciativa que muito ajudou a
revitalizar o universo dêle. E o primeiro comentário deve ter sido
da minha filha para dar uma fôrça - aí, ficou tudo em família!
R: De
dia no consultório sou "Dr. Jekyl" - de noite no scanner sou "Mr.
Hyde"! (Acho que você foi o único que reparou nessa referência lá!)
5) Quando teve a idéia de criar a "Jetscans"-
que colabora com os blogs, disponibilizando gibis restaurados?
R: Há uns 10 anos atrás eu comecei a procurar por scans de gibis que tivera em minha infância e juventude - e dos quais tôlamente havia me desfeito ao entrar na faculdade, no início dos anos 1980. Havia percebido que estava sendo muito dispendioso e difícil recuperar, mesmo que uma parcela deles, através dos Archives da DC, dos Masterworks da Marvel ou mesmo através dos sebos on e off-line. Daí descobri um fórum com um tópico cujo compartilhador (Um português cujo "Nick" era Stela, muito auxiliado pelo usuário Citraltas - faço questão de deixar registrado aqui seus nomes em reconhecimento) tinha práticamente tudo em comics da Marvel e DC desde a Silver e mesmo Golden Age - e era extremamente solícito - ao ponto de ter ficado esgotado por tentar atender aos nossos pedidos durante mêses e mêses. Resultado: após anos escaneando e disponibilizando sua enorme coleção via torrent não aguentou mais o volume de trabalho e se retirou para nunca mais voltar. Fiquei muito impressionado pelo esfôrço dêle - pelo nosso descaso em ajudá-lo e pelo desfecho negativo daquele compartilhamento tão significativo para todos. Quando após alguns tempo, passei a procurar por material nacional e comecei a achá-lo em volume e qualidade - a começar pelo saudoso e finado "Quadrinhos Antigos" - resolvi que minha antiga omissão não poderia se repetir, sob pena de ver acontecer a mesma coisa: uns poucos abnegados sobrecarregados levando sozinhos e de forma insustentável tôda a cena adiante. Decidi que deveria ajudar na medida da minha possibilidade e - após um tempo que levei até comprar um novo scanner pois meu antigo andava bem "meia bôca" - comecei a aprender do riscado e a botar a mão na massa - não só quando cozida, também.
6)
O que pensa sobre o compartilhamento e a parceria dos blogs entre si
e as editoras? Você acha que atrapalha as vendas dos gibis
impressos?
R: Como
disse antes - creio que o tanto que ajuda supera com folga o que
atrapalha. E o trabalho que você, Luiz - faz no "Chutinosaco" aproximando-se dos editores e criadores é fundamental, pois assim
êles podem vir a perceber que não estamos simplesmente mais numa
linha de montagem unidirecional como outrora, em que a indústria
produz e nós apenas consumimos passivamente - mas somos parte de uma
grande rêde de amantes e aficionados da 9a Arte que cria e consome de
forma simultânea e compartilhada tudo que se refere a esse universo - sejam as estórias em si, seja material on e off-line, impresso ou
digital, nôvo e antigo, revistas, artigos, imagens, "fanfics", sebos,
blogs, encontros (Visitei recentemente o fantástico "9o Mercado de Pulgas" em SP, organizado pelo "Guia dos Quadrinhos") scans, Toys e o que mais
existir, e quanto mais essa cena fôr reconhecida e dinamizada melhor
para tôdos que dela vivem e participam.
7)Agradecendo
sua participação nesta "Chutintrevista", peço que deixe
um mensagem para seus fãs e os amigos e visitantes do "Chutinosaco".
R: O
mais gostoso dos blogs como os nossos é que nos abrem a
possibilidade do compartilhamento nostálgico e afetivo dos nossos
melhores momentos - da infância à maturidade, marcados pela
fantasia e diversão que as HQs, games, seriados, filmes e livros nos
proporcionam. Encontrar um amigo - seja visitante ou blogueiro, com o
qual compartilhar uma memória mágica dessas é a verdadeira graça,
no sentido mesmo de benção. O "Chutinosaco" é um desses blogs que
nos inspiram e que proporciona o melhor desses encontros - por isso
o agradeço muito por seu trabalho e pela parceria - e desejo que
assim seja por muito e muito tempo!
JORGE STORACE
BLOG JETSTORTOPIA
QUAC!
ResponderExcluirAbração, Jor.. ops, JETSTOR
Parabéns pela entrevista,Luiz.O blog do Jorge é muito interessante e sempre conta com novidades não só de quadrinhos,mas também de games,no qual sou fisssurado.Que continue sempre trazendo novidades para os leitores.Obrigado Jetscans!!!
ResponderExcluirMuito interessante, mais esta Chutientrevista! Parabéns a entrevistador e entrevistado!
ResponderExcluirO engraçado que nos anos 80 vinha um pedido nos gibis da Mônica para que se fizesse doações de gibis antigos aos Estúdios Mauricio de Souza. Dizia a propaganda que seria um acervo público para futuras gerações poderem pesquisas a evolução dos quadrinhos (é só procurar nos gibis antigos). Agora, cadê este acervo? Na época não havia scaner, hoje tem, A propaganda era clara - Divulgar os quadrinhos. Depois que o Maurício disse me senti enganado.
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