13.1.16

A PRIMEIRA TIRA A GENTE NUNCA ESQUECE!

No dia 13 de janeiro de 1930, o Mickey saía da tela grande para estrear nas tiras de jornais. A "King Features Syndicate" que desde o ano anterior assediava Walt Disney com a proposta de transformar o personagem em histórias desenhadas em série - no ainda incipiente mercado de quadrinhos - passou a publicar em diversos jornais dos Estados Unidos a aventura: "Lost on a Desert Island" ("Mickey na Ilha Misteriosa" no Brasil), cujo sucesso fez com que o personagem - em poucos mêses - veiculasse diáriamente em 40 periódicos de 22 países.
Na época, os primeiros produtos comercializados com a imagem e o nome do personagem começavam a surgir e, juntamente com o "Clube do Mickey" (Uma grande ideia de marketing sugerida e organizada pelo gerente do cinema Fox Dome, em Ocean Park na Califórnia), fizeram do camundongo um fenômeno popular, cultural – e até mesmo social – sem precedentes nos Estados Unidos.

“Achei positivo que uma façanha publicitária como essa, combinada com uma tira em quadrinhos (…) possa nos ajudar a transformar essa série em uma das maiores coisas que já apareceram” - escreveu Disney em uma carta particular, citada pelo escritor Neal Gabler no livro "Walt Disney: O Triunfo da Imaginação Americana".
A primeira revista em quadrinhos Disney, no formato e estilo editorial que definem esse gênero de publicação, foi lançada em janeiro de 1931, nos Estados Unidos, pela editora David McKay.

"Mickey Mouse Series" era um gibi que reunia, em 62 páginas em preto e branco essas tiras originalmente publicadas nos jornais. Tinha periodicidade anual e durou quatro edições. Alguns historiadores já apontam o álbum: "Mickey Mouse Story Book", lançado pela mesma editora no dia 15 de novembro de 1929, como o primeiro título em quadrinhos Disney.
confusão é compreensível: apesar de ser um livro de prosa ilustrada, com adaptações das aventuras dos desenhos animados, esta publicação apresentava algumas páginas com painéis sequenciais, semelhantes a tiras. Enquanto isso, na Itália, já a partir do dia 16 de abril de 1931, quando apareceu no jornal: "L’Illustrazione del Popolo", Mickey dava o "pontapé inicial" para uma saga vitoriosa das HQs Disney naquele país. Em dezembro de 1932, o personagem estrelava o tabloide: "Topolino Giornale"- nem sempre apresentando materiais originais ou autorizados pela Disney. 
O periódico se transformou, de fato, numa revista em quadrinhos somente em abril de 1949 - quando adotou o tamanho tradicional do gibi: "Topolino". Em 22 de maio de 2013, chegou ao número 3.000, publicado ininterruptamente, e êsse fato foi comemorado com uma edição especial. 
A Itália merece um capítulo à parte nessa aventura de mais de oito décadas. Êsse pais foi,  e continua sendo o maior produtor de histórias em quadrinhos da "Família Pato" além de outros personagens dos distintos núcleos editoriais das criações de Walt Disney. Ainda em 1938, quando o regime fascista de Benito Mussolini proibiu a entrada de quaisquer quadrinhos norte-americanos no país e seguiu assim durante a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se por lá uma produção própria dessas HQs. O resultado é sentido até hoje. 
Os quadrinhos da "Turma de Patópolis "estão dentre os mais consumidos na Itália, que se “apoderou” dessa galeria de personagens "como se fosse sua propriedade" e a tornou uma poderosa instituição editorial que se mistura com a própria origem da nona arte italiana, e já se enraizou na cultura local. 

MARCUS RAMONE (Texto extraído de: "Universo HQ")

3 comentários:

  1. Como esse blog é maravilhoso! Considero-o uma espécie de guardião da cultura dos quadrinhos/pop. Valeu!
    Abraço, Flavio.

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  2. Adoro esse blog. O tesouto contido nele é inestimável. Obrigado por existir.
    Forte abraço.

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  3. Uma linda história desde de sempre!

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