8.10.12

MICKEY 300

Nesta edição restaurada pelo amigo Varags do Gremio, em outubro de 1977 a revista Mickey já dividia suas páginas com artistas brasileiros que hoje são respeitados no mundo todo. O Moacir Rodrigues Soares por exemplo, trouxe o vilão Conde Cordeiro para atazanar a vida do nosso detetive. Carlos Edgard Herrero desenhou "O Pato e o Sapato" - "A Dispensa da Despensa", feita no Jaime Diaz Studio e Jack Bradbury, "Herança e Esperança".
Scan e Tratamento: Vargas do Gremio


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5 comentários:

  1. Engraçado... Relendo essa revista do Mickey, começo a perceber que já em 1977 os quadrinhos Disney mudaram um pouco sua linha editorial.

    Lembro-me na época que as revistas em quadrinhos mais antigas, de quando ainda vivíamos sob uma forte ditadura militar, eram as mais procuradas e desejadas pela criançada, enquanto que as histórias mais atuais não eram mais tão valorizadas.

    Tentarei pensar um pouco sobre isso mas muito provavelmente este fato se tenha dado devido ao fato de em 1977 eu já gozar de uma relativa liberdade e por isso não mais sentir tanta necessidade assim das fantasias gibizescas para me encantar a vida.

    Daí, as revistas mais antigas me transportarem aos meus dramas infantis passados mas as revistas mais novas não surtirem mais o mesmo efeito sobre mim.

    Creio que essa falta de empatia pelo desenvolvimento natural dos personagens Disney se deveu à dificuldade que tive de crescer e amadurecer na vida, tendo que aprender a me auto-reprimir em meus impulsos infantis a fim de parecer sério aos olhos dos outros pelo menos na vida profissional.

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  2. Luiz Dias:

    Em meu comentário anterior citei o fato de já em 1977 as histórias Disney não mais me proporcionarem o mesmo encanto que as histórias mais antigas.

    Lendo agora uma série de histórias do Mickey dos anos 50 compiladas naquela coleção Treasures de Paul Murry percebi o porquê.

    Os enredos das histórias mais antigas eram mais morosos e lentos, ou seja, as histórias apresentam as diversas situações pelas quais os personagens passam, com mais quadrinhos e páginas, o que acaba tornando-as mais fixáveis em nossa memória e fantasia.

    Já as histórias mais atuais são mais dinâmicas e aceleradas, parecendo-nos mais uma sequência de flashes do que uma história.

    Por exemplo, percebi que em alguns filmes atuais que valorizam demais os efeitos especiais em detrimento do enredo, certos dramas pessoais do personagem são passados por alto e apenas aludidos durante o filme, levando-se mais em consideração as ações do personagem do que as motivações dos mesmos para tais ações.

    Tentarei explicar melhor e com outras palavras: nas histórias antigas o personagem Mickey demonstra ser tão burro, ingênuo e bonzinho que nos exasperamos com o enredo da história no qual ele demora para entender as maldades do João-Bafo-de-Onça.

    Parece-me que ele não procura as encrencas mas as encrencas vem de encontro à ele de uma maneira lenta, gradual e bastante natural, sendo o final feliz, uma consequência bastante natural também.

    Já nas histórias mais modernas as cenas são mais forçadas sem necessariamente haver um nexo causal entre uma cena e outra e parece-nos que os personagens se metem em encrencas porque as estão procurando e não que elas aparecem imprevistamente.

    Os finais felizes nos parecem meio que forçados também como se o autor da história não conseguisse terminar a história dentro dos limites impostos pela editora e teve que inventar qualquer coisa para terminá-la.

    Hoje, quando leio as histórias em quadrinhos de Maurício de Souza percebo que ele não caiu nessa armadilha de reduzir a qualidade das histórias da Turma da Mônica e do Cebolinha, limitando com isso a criatividade de seus colaboradores.

    Percebo hoje nas histórias de Maurício de Souza a mesma qualidade que eu percebia há 20 ou 30 anos atrás, ou seja, as histórias atuais continuam sento tão cativantes quanto as antigas eram.

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    Respostas
    1. Meu caro João Labrego...mais uma vez tens razão! As histórias atuais são na "velocidade da web" - digamos assim - pois tudo se resolve em, no máximo 12 a 20 páginas. E as italianas de hoje então? Com a estranha "divisão" de 3 tiras por página...(Invenção deles mesmos)fazem uma aventura de 12 virar 24 páginas, pois eles subdividem a ação(Frenética, diga-se de passagem) em desenhos toscos como se fôssem um "download mal resolvido"!
      Mas é como lí num artigo da web mesmo - depois que a Disney comprou a Marvel e não produz mais histórias Disney nos EUA...(E nem da Marvel)fica muito difícil saber o futuro dos quadrinhos!
      A Dinamarca que o diga!(Quem poderia imaginar, né? - Rsrsrsrs).

      Um grande abraço!

      Luiz Dias

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  3. Luiz Dias:

    É de fato uma pena essa desvalorização dos quadrinhos hoje em dia.

    Não é à toa que o consumo de quadrinhos está em declínio.

    Notei, por exemplo, essa queda de qualidade já pouco antes de adentrarmos a década de 80.

    Já nessa época os poucos que liam quadrinhos Disney procuravam nas raridades antigas aquele mesmo prazer que sentiam no passado pois as histórias mais atuais já não nos satisfaziam mais.

    A morosidade e lentidão dos enredos permitiam-nos internalizar em nós muitas características dos personagens Disney e até empatizarmos com eles em seus dramas pessoais.

    Creio que essa é a palavra-chave: pessoalidade.

    As histórias tornaram-se impessoais como se fossem robozinhos encenando as ações ou então adotaram raciocínios complexos, mas sem sentido, para justificar as ações e deduções dos personagens como naquele seriado antigo do Batman em que Batman e Robin discutiam sobre os possíveis planos dos criminosos e sempre acertavam, mas o próprio telespectador ficava a ver navios sem entender nada a não ser as porradas legendadas com onomatopéias.

    Enfim, passaram a usar recursos de televisão para encurtarem as histórias a fim de que as mesmas coubessem nos padrões impostos pelas editoras.

    O próprio Carl Barks viu muitas páginas de suas histórias cortadas para que coubessem no formato dos gibis da época, ou melhor, cortadas para abrir espaço para publicidade.

    Pior ainda foram os cortes que o Regime Militar impuseram à história Dinastia e Glória da Família Pato.

    Felizmente essas obras do universo Disney foram resgatadas em sua íntegra nos álbuns publicados pela Editora Abril e tivemos acesso à essas raridades já no terceiro milênio.

    Acredito que esse esquerdismo ideológico que tomou conta do Brasil não vai durar muito tempo e quando o direitismo ideológico começar a vingar pode ter certeza de uma coisa: as pessoas procurarão nos blogs de revistas em quadrinhos o material para se inspirarem ideologicamente nesta modalidade de pensamento e quem tiver essa material disponível será bastante requisitado socialmente.

    He, he. Conheço muito bem essas transições ideológicas pois fui criado e educado sob o regime militar e quando começou a democracia, quando eu já tinha 21 anos, tive a impressão de que fui dormir à noite e acordei num outro país no dia seguinte.

    Segundo essa ideologia esquerdista as revistas em quadrinhos são instrumentos burgueses de dominação das massas mas, de qualquer forma, eu prefiro muito mais ser convencido por revistas em quadrinhos do que por essas mentiraiadas que a esquerda adora pregar.

    Mesmo que a burguesia minta o modo dela nos passar suas mentiras é muito mais instrutivo e divertido do que a maneira como a esquerda tenta passar as suas através de passeatas, comícios, protestos, etc.

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  4. Estava lendo os comentários acima e também concordo. Não me lembro com precisão, mas parei de comprar as revistas Disney por volta de 1977. Tinha uns 16 anos na época, mas percebi que as estórias eram resumidas e a qualidade dos desenhos caía (possivelmente eram novos desenhistas). Coisa semelhante ocorreu com a revista MAD quando completou 2 anos (por volta de 1976) ao trocar os desenhistas originais por brasileiros em quase todas as páginas.

    Para a minha surpresa, semana passada fui numa banca e observei que só havia estórias antigas numa revista Disney (acho que era do Pato Donald). Uma delas era de uma publicação de 1974 (no Brasil).

    As estórias que mais gosto são as que foram originalmente publicadas nos EUA nas décadas de 40, 50 e meados de 60.

    Na minha opinião, toda revista deveria vir com duas estórias longas (a primeira e a última) de pelo menos 20 páginas e o restante curtas de 4 a 6 páginas cada. Entre estas deveriam inserir os anúncios. Me baseio nisto porque era normal um gibizeiro folhear uma nova edição antes de comprá-la. Eu, por exemplo, tinha (e tenho) o hábito de folhear de trás para frente. Percebendo que havia estórias longas a vontade de ter a revista aumentava.

    As primeiras revistas que comprei eram de 1968/1969, mas lia algumas mais antigas porque um vizinho 3 anos mais velho tinha uma pequena coleção de edições mais antigas (talvez a partir de 1965). Posso seguramente dizer que li todas as principais revistas Disney entre 1970 e 1976. Só não as tenho porque o jornaleiro da nova banca da rua onde morava me propôs um esquema de trocas que funcionava assim:

    Eu comprava uma revista e a lia sem fazer dobras, mantendo-a "intacta", nova. Ao terminar de ler, devolvia para ele valendo a metade do valor pago e comprava outra com o desconto desse valor, por exemplo: se custava 2 cruzeiros ela valia um desconto de 1 cruzeiro numa outra revista. Assim lia todas as Tio Patinhas, Almanaque Disney, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Mônica, Planeta dos Macacos e algumas revistas da Harvey Comics, Bolinha, Pinduca, Recruta Zero, Gibi Semanal(aquela grande) e outras que não lembro.

    Fizemos isso durante uns 5 anos e foi vantagem para ambos, porque ele devolvia para a distribuidora as revistas que não vendia! Só não trocava as revistas Recreio, manuais Disney e os álbuns do Asterix, Tintim, Lucky Luke, Iznogud e Mortadelo e Salaminho que ainda conservo. Bons tempos...

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