3.5.14

DISNEY E DALÍ - UNIDOS PELO...DESTINO?


Foi em 1944, numa festa na mansão do "chefão" da Warner Bros - Jack Warner - que Walt Disney encontrou Salvador Dali.
E foi nesse "palco" de tantas estrelas do teatro e cinema da época - onde dois dos maiores visionários da História das artes se conheceram. Nêsse encontro, saiu um projeto que levou 57 anos para ser completado.


Na época - 1944, Dali estava elaborando uma sequência para o filme “Quando fala o coração” (Spellbound), de Alfred Hitchcock - e que foi lançado um ano mais tarde.  Esse foi o primeiro filme hollywoodiano a tratar da psicanálise e trazia no elenco Ingrid Bergman e Gregory Peck. A sequência criada por êle foi a "cena dos sonhos - cheia de imagens psicoanalíticas.



 Salvador Dali já era muito conhecido em todo o mundo como o mais influente artista surrealista do século - e Disney o convenceu a trabalhar no projeto de um curta-metragem chamado “Destino” - que depois seria incluído numa série de curtas chamada: "Música, Maestro” - um dos episódios, por exemplo foi: "Pedro e o Lobo" .



O projeto seria composto por dez curtas, o que mostrava a situação dos Estúdios Disney na época - sem recursos para produzir um novo longa de animação - mas sempre tendo que lançar novas produções com maior regularidade.


“Destino” - definido segundo o próprio Walt: "Seria uma simples história de amor, na qual um rapaz conhece uma môça”. Com o mesmo título de uma canção folclórica mexicana, o desenho que foi planejado seguiria o ritmo da música num cenário de sonhos, numa espécie de expressão poética das "loucuras que fazemos por amor".


Dali trabalhou como funcionário nos Estúdios Disney entre 1945 e 1946 - sempre chegando às oito da manhã e saindo às cinco da tarde - produzindo 22 telas e 135 esbôços de cenas de animação para o curta, que resultaram em 17 segundos de filme.
O desenho animado tinha como ponto central a importância do tempo em nossa espera pela ação do destino. E as ilustrações eram típicas de Dali sempre com objetos se transformando em outros em imagens duplas. 

O mais incrível era ver o elitismo de Dali se combinando com a popularíssima linguagem de massa de Disney. Anos mais tarde, Walt diria que o artista “borbulhava com ideias novas”. Mas, infelizmente, o projeto foi abandonado em 1947 quando os recursos próprios acabaram e seus estúdios não conseguiram financiamento.


Disney também ficou com mêdo de que o público não aceitasse “Destino” se fôsse lançado sozinho - por ser surreal demais - aumentando ainda mais o rombo do caixa na época. 
E assim, “Destino” ficou esquecido nos arquivos dos Estúdios de Burbank durante quase seis décadas.

A amizade entre êles continuou - inclusive com sucessivas visitas à casa de Dali na Espanha - e nos EUA, Salvador adorava andar nos trenzinhos que Disney construiu - uma verdadeira paixão de infância.


Em 1999, felizmente - o sobrinho de Disney, Roy - se animou em finalizar o curta-metragem utilizando as novas tecnologias disponíveis para emular a qualidade plástica das imagens multidimensionais de Dali.







Do projeto original restaram apenas 17 segundos que é a sequência com duas tartarugas. Depois de pronto ficou com seis minutos. Foram quase 60 anos entre o início e a finalização do trabalho e a estréia foi no dia 2 de junho de 2003 no Festival de Cinema de Annecy International Animated, na França.


Teve uma indicação para o Oscar de 2003 como Melhor Curta de Animação.  
A história mostra Chronos que é a personificação do tempo e sua incapacidade de amar uma mortal. Os personagens lutam mas o tempo sempre vence e determina o destino de todos.
O filme não tem diálogo. Música do mexicano Armando Dominguez. 

Uma equipe de 25 animadores trabalhou para "decifrar" os storyboards desenhados por êle e realizar o projeto.
E assim, 57 anos depois - a idéia concebida por Dali e Disney finalmente renasceu.

Destino” é a perfeita combinação da imaginação desses dois gênios!
Textos adaptados dos blogs: "O Treco Certo" de Júlio Andrade Filho e "TeleCine Brasil".


ATENÇÃO: Na postagem do gibi "Mickey 821", leiam  uma adaptação lúdica desta incrivel amizade entre êles, desenhada por Giorgio Cavazzano com roteiro de Roberto Gagnor, publicada originalmente na revista "Topolino 2861".

LUIZ DIAS

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