2.9.16

MEU PAI: ROTEIRISTA DE QUADRINHOS - LUCILA SAIDENBERG

Nesta "Chutientrevista" da série: "Meu Pai" - conheceremos Lucila - a filha do nosso "gênio" escritor: Ivan Saidenberg (1940-2009) - que nos conta um pouco da carreira dêle e relembra alguns de seus inesquecíveis textos que marcaram sua trajetória de sucesso nos quadrinhos Disney. 
Ivan nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo. Em 1960, na Editora LaSelva - apesar de também ser desenhista - fazia os roteiros de HQs para seu irmão Luiz Saidenberg, ilustrar.
Em 1970 entrou para os Estúdios Disney (Editora Abril) e trabalhou com: Renato Canini, Waldyr Igayara e Carlos Edgard Herrero - criando vários personagens: "Morcego Vermelho", "Pena Kid", "Pena das Selvas", "Penado"(O Espirito que Desanda) como alter egos do Peninha, e o "Morcego Verde", além dos primos do Zé Carioca.
Seus roteiros eram quadrinizados por êle mesmo - facilitando o trabalho do cartunista - que assim reproduzia com fidelidade o que Saidenberg criava. Lucila talentosamente, hoje comenta todos os roteiros (Inclusive inéditos) que seu pai escreveu, num blog: "Ivan Saidenberg - Histórias Comentadas". ***Os trechos reproduzidos aqui estão resumidos. Confiram os textos originais no blog da Lucila, ok? Lucila, seja muito bem vinda ao "Chutinosaco"!


 Oi, Luiz!

Aqui está a entrevista respondida. Anexei uma foto de papai em Jerusalém no final dos anos 1980 (Inédita), e espero que sirva.
Quanto aos originais escaneados e demais imagens de quadrinhos de que precisar, você pode pegar lá no meu blog mesmo.
Eu estou justamente postando as velhas histórias recusadas pela (Editora) Abril, e todas as imagens estão em Jpeg 300 dpi. 
É só clicar nelas, e uma versão maior se abre.




1) Como e quando seu pai começou a escrever, qual foi sua primeira história em quadrinhos publicada, e como era seu processo criativo? E no convivio familiar?


R: Papai começou a inventar histórias, desenhar e escrever ainda criança, com a aprovação e apoio de seu pai, meu avô, que era engenheiro agrônomo.Ele foi desenvolvendo o dom ao longo da vida, ainda na escola e depois, fora dela.


É difícil dizer qual foi, exatamente, sua primeira HQ publicada, mas acredito que foi uma história de terror - possivelmente desenhada por seu próprio irmão, o Luiz - no início dos anos 1960.


2) No universo de Zé Carioca, onde definitivamente "abrasileirou" o personagem: nos diga como ele criou o Pedrão e o Afonsinho, e como era seu relacionamento com Renato Vinicius Canini? Poderia comentar sobre as histórias: "Os Heróis são Modestos" e "A Onça e o Valente"?




R: O Pedrão é um personagem que sempre existiu como coadjuvante sem nome, mas que papai "adotou" e "vestiu" com um nome e uma personalidade baseada na figura de um tio dele que vivia no Rio de Janeiro. 
Esse senhor era funcionário público e morava em uma casa que ficava já dentro do Jardim Botânico da cidade, com um pomar em volta,
e jaqueiras na floresta.



"Pedrão, o Fim do Mistério"








Meu tio era um funcionário público, e havia ganho do governo a permissão para viver em uma casa que ficava, para todos os efeitos, dentro do parque.
Ele era um senhor "bonachão", que adorava festas, amava uma boa feijoada e costumava hospedar o meu pai sempre que ele ia ao Rio de Janeiro em férias, desde os tempos de adolescente e até a época em que ele se casou com mamãe.
Essa casa tinha um pomar em toda a sua volta, e além disso esse meu tio-avô, que se chamava Amador Camargo Simões, costumava também colher jacas na Mata da Tijuca, logo atrás da casa.
Ora, nas histórias de papai onde o Pedrão aparece, ele sempre tem um pomar, ou pelo menos uma jaqueira, no quintal de casa!


Já o "Afonsinho" parece ter nascido de uma troca de ideias entre papai e Renato Canini. 
Ele era outro coadjuvante sem nome - mas de aparência engraçada - e uma personalidade foi criada para ele com base em uma canção popular brasileira chamada: "Meio de Campo (Gilberto Gil)".
Tanto meu pai quanto o Canini reivindicavam a criação do personagem. Mas, muito mais do que criar, foi papai quem realmente desenvolveu o Afonsinho, já que com o passar do tempo o Canini foi se dedicando mais a desenhar do que escrever histórias. 
O relacionamento deles era bom e produtivo, se consideravam amigos, e a comunicação era feita geralmente por mensagens deixadas nas margens das páginas de "rafe" ou por um raro telefonema, já que o Canini morava e trabalhava no Rio Grande do Sul, e papai vivia e trabalhava em Campinas/SP. 
Era papai quem viajava ao Rio de Janeiro e trazia de lá as referências culturais que usava em suas histórias, enquanto o Canini usava cartões postais como referência visual do Rio, que ele nunca visitou.


"Os Heróis são Modestos"


As histórias de Natal eram as favoritas dele, que sempre considerou como sendo o ponto alto de todo ano, uma honra e um privilégio de se fazer! Aqui, a Rosinha aparece particularmente caprichosa, o que provoca uma reação um pouco egoísta no Zé, que depois se resolve de modo positivo para todos. O espírito malandro do personagem está bem caracterizado no seu comportamento inicial, talvez não muito louvável, e na capacidade de raciocínio rápido que caracteriza o desfecho da trama. Esse padrão de criar relações ou similaridades entre os nomes dos personagens é algo que viria a se repetir bastante nos anos vindouros, especialmente com coadjuvantes ou vilões em grupos - e que se tornou, pelo menos para mim - um modo de identificar o: “Estilo Saidenberg”.


"A Onça e o Valente"











Nos tempos de criança de papai, quando ele morava na fazenda, o povo do interior costumava se reunir na praça para conversar, e se divertia contando vantagens principalmente sobre dois tipos de atividades que eram comuns entre o povo do campo naquela época: a caça e a pesca.
O fato é que o "Zé Queijinho" - primo mineiro do Zé Carioca, está às voltas com uma enorme onça tentando transformar a sua cabra "Gabriela" em jantar.
Enquanto o Nestor e o Zé Queijinho tentam afastar a onça, Zé Carioca passa a história inteira desmaiando de medo a cada vez que ouve alguém pronunciar a palavra “Onça”.
Seria apenas mais uma “história de onça”, se não fosse a “valentia” do personagem que deveria ser o protagonista.
Voltando para o Rio, a história que o Zé conta para a Rosinha é bem outra, para indignação do Nestor!


R: Basicamente, são dois aspectos da malandragem do Zé.
Na primeira...a "malandragem" vem da vontade de ganhar um presente, e da habilidade em manipular as aparências para que, na hora em que a situação fica complicada, ele possa se sair bem aos olhos da namorada.
Na segunda história, as características do Zé que se sobressaem são a total falta de coragem e a falastrice.
Ele é perfeitamente incapaz de enfrentar a onça, sabe disso, mas não quer deixar que a namorada saiba. Seu ego e orgulho próprio não deixam!


3) Ivan Saidenberg era tão preciso no texto e nos detalhes dos personagens que abordava - seja com Zé Carioca ou o Pato Donald - que desenhava seus roteiros, prevendo como ficaria visualmente.
Poderia nos mostrar um roteiro dele que mostra uma história inédita e o motivo pela qual nunca foi publicada?


R: Eu estou, justamente nestes dias, colocando em meu blog e comentando mais ou menos uma dúzia de histórias que ele produziu em Israel em 1993 - uma por semana - que foram resultado de um contato e uma encomenda da Abril naquela época.
Algumas poucas foram compradas e publicadas, mas várias outras não, por vários motivos.
A mais recente comentada foi:


"Dançando na Corda Bamba"












História do Zé Carioca, criada em 17 de maio de 1993 e nunca publicada. De todos os planos do Zé Carioca para levantar uma graninha com pouco esforço, este é certamente o “menos honesto” - e isso dá a esta história um estilo um pouco mais “alternativo” do que à maioria das outras criadas por papai.
É provavelmente por isso mesmo que ela nunca foi comprada, nem na primeira e nem na segunda vez em que foi apresentada à turma da Abril.
Já a cena mais engraçada desta história certamente está na página 5: os "Anacozecos" não apenas nunca conseguiram cobrar o Zé, como desta vez ainda darão dinheiro (!) a ele.
No final, é tudo um grande elogio e uma homenagem ao Nestor, o amigo fiel para todas as horas, pois aqui vemos o quanto ele é querido por todos na Vila Xurupita.


R: Os motivos mais comuns apresentados pelos avaliadores da redação para recusar ou sugerir a reformulação de uma história podem variar de problemas de composição das páginas e uso de palavras consideradas impróprias, e até comportamentos dos personagens que não seriam compatíveis com sua "personalidade" estabelecida.
O do Zé, por exemplo, precisa ser malandro, mas não desonesto.
Este, a meu ver, é o principal problema de "Dançando na Corda Bamba".
Mas a verdade é que existe todo um código de ética da Disney que proíbe representações de sexo, bebidas e drogas, violência, sangue, morte, política e religião, e que precisa ser absolutamente respeitado.
Em todo caso, tentar "contornar" esse código de ética e inserir nas histórias temas mais complexos era um dos "esportes" prediletos de papai. Às vezes ele conseguia, e às vezes não!




4) "O Homem que Rabiscava" - onde você conta a vida e carreira do Mestre Saidenberg. Por favor, destaque 4 fatos importantes do seu livro, que possam resumir fases de seu pai como roteirista de quadrinhos?
 

R: O primeiro grande fato foi, com toda a certeza, o incentivo de meu avô, o jovem engenheiro agrônomo que desde muito cedo percebeu o dom artístico dos dois filhos, Ivan e Luiz, e fez o que pode para apoiá-los.
O segundo fato foi o trauma do falecimento prematuro de meu avô aos 42 anos de idade, que por algum tempo deixou a família em situação muito difícil, quase frustrando os sonhos dos dois irmãos.
Em terceiro lugar, temos a reunião do pequeno grupo de desenhistas na sala alugada no "Edifìcio Martinelli", do qual meu tio Luiz fazia parte, e a adição de papai ao grupo como argumentista e tesoureiro, quando a coisa toda começou a se transformar no ponto focal de um movimento dos desenhistas de quadrinhos nacionais.
E por fim, a recomendação de Maurício de Souza, e a subsequente contratação de papai pela Editora Abril em 1971.




5) A série: "Quadrinhos do Peninha", desenhada por Carlos Edgard Herrero - onde seu pai coloca o personagem imaginando roteiros engraçadíssimos, com seu alter-ego "Pena Kid", cavalgando no "Alazão-de-Pau". Comente um pouco sobre o processo criativo nestas 26 clássicas aventuras.




R: A série: "Quadrinhos do Peninha", que não se resume somente às histórias do Pena Kid, mas da qual o "Vingador do Oeste" certamente faz parte, é o que se chama de "meta-quadrinhos", ou seja, "quadrinhos dentro dos quadrinhos".
Toda a atuação que papai idealizou para o Peninha enquanto jornalista e quadrinista, e às vezes até publicitário, era baseada em sua própria atuação nessas áreas, e em uma visão crítica e bem humorada dos "ossos do ofício" e da população de profissionais que o acompanhava nesses trabalhos, todos eles pessoas muito humanas com seus próprios defeitos, virtudes e maluquices.
Já o Pena Kid e seu cavalinho de brinquedo feito de madeira são lembranças da infância de papai, quando os meninos brincavam de imitar os filmes de faroeste que viam, empunhando revólveres de espoleta e "cavalgando" um cabo de vassoura ao qual se prendia uma cabeça feita de meia.
Nessas histórias há muitas referências a esses filmes, a começar da paisagem em volta, onde muitas vezes as casas são somente fachadas apoiadas em varas e até o céu é de pano e tem remendos costurados.





6) "Morcego Vermelho", certamente uma das maiores criações de seu pai. Como nasceu esta ideia genial, deste atrapalhado herói? E qual foi a última, escrita por ele?



R: O Morcego Vermelho foi "encomendado" a papai, a partir de um rascunho do desenhista Disney italiano Giovan Batista Carpi, que mostrava o Peninha fantasiado com uma capa que imitava asas de morcego.







A primeira história do personagem mostra como ele ganhou a fantasia do Donald, e vai se transformando em herói quase por acaso.
"Reza a lenda" que o nome do personagem foi criado em conjunto com os colegas durante uma das reuniões na redação das infantis da Editora Abril, e que a lata de lixo morcego teria sido uma sugestão do Carlos Edgard Herrero, principal desenhista desta série de histórias.
Mas, uma vez criado, todo o desenvolvimento do personagem foi deixado sob responsabilidade de papai. 
O "Morcego" é uma elaboração sobre o Ego do Peninha, e combina o seu comportamento desastrado e abilolado com uma coragem e heroísmo que até então não estavam na descrição original do personagem.
Da mesma maneira como o Zé Carioca - e isso é uma coisa que não se comenta muito - o Peninha também era um personagem meio obscuro e mal aproveitado até ser "adotado" por papai, que então tratou de dar a ele toda uma personalidade e características muito próprias.
A última história de papai publicada do "Morcego" foi: 


"Ultraleve Para Um Ultrapesado"


História do Morcego Vermelho e do Professor Pardal, escrita em fevereiro de 1984 - mas publicada pela primeira vez em 1987.

Ao perseguir um malvado vilão que rouba bonecas de inocentes e indefesas menininhas (Existe crime mais covarde do que esse?) o nosso herói percebe que suas armas estão bastante velhas, e quem sabe até ultrapassadas.
Elas falham quando são mais necessárias, pifam, etc.
Também, pudera: estavam em uso desde 1973, onze anos antes, quando foram inventadas juntamente com a criação do personagem!



7) "A História de Patópolis"(1982) onde seu pai criou uma história tão original, que poderia ter sido escrita pelo próprio Carl Barks.  O que você lembra deste trabalho dele, e quais foram suas referências?


R: Papai acreditava na máxima "aprenda com os melhores". E entre esses "melhores", sem dúvida alguma, estava o próprio Barks.
Muitas das primeiras histórias de papai para os mais diversos personagens, em 1971 e 1972, enquanto ele ainda estava "pegando o jeito" e desenvolvendo seu próprio estilo, são claramente inspiradas em histórias e no estilo de Carl Barks.
Autodidata, ele costumava passar tardes inteiras na biblioteca de Campinas, ou no acervo da redação em São Paulo, pesquisando os mais diversos assuntos que pudessem servir ao desenvolvimento das suas histórias.


A "História de Patópolis" é, certamente, um de seus maiores exercícios de imaginação e a inspiração vem justamente do fato que, mesmo após décadas de produção Disney no mundo todo, ninguém tivesse tido a ideia de contar essa história em especial.
Papai compilou vários momentos históricos marcantes da humanidade, desde a Idade da Pedra e até os tempos modernos, e começou a imaginar como eles poderiam ter transcorrido se tivessem acontecido em Patópolis, tendo por protagonistas os vários personagens, com suas características particulares.




8) Lucila, comente sobre três histórias muito especiais: "Pateta Olímpico", "A Volta ao Mundo em 8 Manchas" e o "O Mistério dos Androides"?



R: O "Pateta Olímpico" está comentado em meu blog. Foi uma encomenda para as Olimpíadas de Munique (1972) e, mais uma vez, é um exercício de imaginação sobre como um grande evento mundial transcorreria se fosse protagonizado por personagens Disney.
A inspiração vem de antigos desenhos animados americanos do Pateta, onde ele aparecia praticando de forma completamente errada os mais variados esportes.




A "Volta ao Mundo em 8 Manchas" é inspirada em clássicos da literatura infanto juvenil como “Cinco Semanas em um Balão“, e “Volta ao mundo em 80 dias”, ambas de Júlio Verne.
Papai gostava muito desse tipo de literatura, e procurava usá-lo sempre que possível como inspiração para suas histórias.


A série: "O Mistério dos Androides" é inspirada em outro dos interesses intelectuais de papai, a Ufologia e as teorias de "teóricos dos antigos astronautas", como Erich Von Däniken.






Mas há pelo menos mais duas sagas igualmente geniais que são menos conhecidas e comentadas: a primeira é "Professor Pardal na Atlântida", já comentada em meu blog e igualmente inspirada em grandes mistérios do mundo, como o Triângulo das Bermudas, e a outra é "Mancha Negra No Espaço", uma aventura de ficção científica que é uma variação sobre o tema da "Volta ao Mundo".





9) Agradecendo a sua entrevista e também por participar desta homenagem ao gênio Ivan Saidenberg, eu gostaria que falasse sobre a "socialização dos quadrinhos" e deixasse uma mensagem final para os amigos do "Chutinosaco".


R: "Socializar" e compartilhar arte é certamente algo muito importante que todos podemos fazer, dentro de nossas cada vez mais limitadas esferas de ação neste mundo. Os quadrinhos são uma importante manifestação cultural no Brasil, e uma maneira, pelo menos no lápis de papai, de disseminar as mais variadas ideias e fazer referência a outras formas de arte que as pessoas podem, a partir da leitura dos quadrinhos, pesquisar por conta própria e socializar também.
O leitor ideal de papai, aquele leitor que ele gostaria de ter, é a pessoa de qualquer idade mas com alma de criança que tem o hábito de ler o gibi com um dicionário do lado e uma enciclopédia ao alcance da mão e que, de preferência, se interesse pelos mesmos clássicos da literatura que ele mesmo lia.
Hoje em dia, com a internet e todas as suas possibilidades enquanto "mais universal biblioteca do mundo", tanto a pesquisa quanto o compartilhamento de informações se tornaram ridiculamente simples. E isso é algo de que todos nós podemos nos beneficiar.
Aos amigos do "Chutinosaco", eu agradeço o interesse e admiração pelo trabalho de meu pai, e convido todos a visitarem o meu blog frequentemente, pois sempre há algo novo e curioso para se ver por lá.
Obrigada!









LUCILA SAIDENBERG

3 comentários:

  1. Um grande artista, que deixou uma marca indelével no mundo e nos corações dos amantes da arte e das idiossincrasias que fazem com que tantos se identifiquem com este universo.
    Muito obrigado à Lucila por partilhar estas saudosas memórias de seu papai; e tenha certeza de que pessoas como ele fazem muita falta.
    Paulo (LeitorDegibi)

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  2. Muito legal esse "resgate" cultural que vocês promovem, parabéns!

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  3. Fantástica entrevista, muito feliz por conhecer melhor esse importante artista, o Morcego Vermelho é meu personagem mais querido até hoje, sua história de origem é uma obra-prima das mais engraçadas, entre tantas outras importantes. Parabéns ao blog por mais essa alegria e a Lucila por manter viva a memória de seu querido - por todos nós - pai.

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